ProjetosRealizados

Projeto Fandango na Escola - 2006 a 2008

















Projetos de Construção de Instrumentos

O que circula com a distribuição de instrumentos musicais do projeto Artesanias Caiçaras vai além de sua materialidade: com rabecas, violas, machetes, adufos e caixas seguem memórias, sonoridades, parentescos e afetividades. A decisão, pensada e debatida pela equipe, de quem os receberia tinha como objetivo dar conta de atender, da maneira mais ampla possível, as demandas de tocadores de todo o território caiçara. Assim receberam os instrumentos fandangueiros de grupos de todos os municípios articulados as ações realizadas a partir do Comitê Provisório de Salvaguarda do Fandango: Paranaguá, Iguape, Cananéia, Parati, Ubatuba e Guaraqueçaba. Também resultado destas ações, a 8ª Festa do Fandango Caiçara em Paranaguá, reuniu nos dias 18, 19 e 20 de agosto grupos e fandangueiros representantes de localidades destes municípios, em um encontro que contou com bailes de fandango, oficinas práticas, exposição fotográfica, lançamento de cd, mobilização caiçara, mesas e conferências. Apesar da cerimônia de distribuição dos instrumentos constar na programação do evento, poucos tinham ao certo quem receberia os instrumentos. Os instrumentos dispostos em linhas, ordenados por tamanho, compuseram o cenário do ritual de entrega. Em falas breves sobre o projeto, testemunhadas por técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) das Superintendências do Paraná e São Paulo, Patrícia Martins, Ary Giordani e Aorélio Domingues – integrantes da equipe do projeto - deram início ao evento. Ao lado do palco, atrás da caixa de som, a perspectiva permitia observar a euforia dos jovens fandangueiros que recebiam seus instrumentos. Sorrisos, afagos em rabecas e violas, comentários sobre a qualidade do som, brincadeiras com os camaradas. Agradecimentos, abraços. A viola, com machetaria de pena e flecha, produzida cuidadosamente para os indígenas, foi recebida de maneira entusiasmada. Jovens de Ubatuba e Paraty vibravam com o presente. Os registros fotográficos dizem um tanto da fartura impressa nas imagens, quase cinquenta instrumentos, em um encontro que diluiu fronteiras geopolíticas, constituindo outras formas de viver as geografias litorâneas entre Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, formas estas permeadas por práticas fandangueiras.

Fotos: Flavio Rocha

Texto: Janaina Moscal