Foto acima de 2025 , o Grupo Mestre Eugênio, retomado por Mestre Aorelio em 2016, sob pedidos da família de Mestre Eugênio ( falecido em 2011). - Luis Eduardo Alves, Davi Marques dos Santos, Josué Henrique, Malu Zanette Domingues, Felipe Orlandino dos Santos e Gabriel Marques dos Santos.
Mestre Aorélio Domingues nasceu em 1977 na cidade de Paranaguá, litoral do Paranácorreiodolitoral.com. Nascido na comunidade caiçara, desde a infância esteve imerso nas tradições culturais de sua região. Aos 9 anos de idade, iniciou-se na construção de instrumentos musicais com seu avô, Rodrigo Domingues, ele próprio um tocador de rabeca (“rabequista”) e fandangueiro renomadocorreiodolitoral.comgazetadopovo.com.br. O jovem Aorélio aprendeu lixando madeiras e montando violas e rabecas sob orientação do avô – que hoje dá nome à marcenaria da Associação Mandicuera –, domínio este que ele já havia adquirido plenamente quando seu avô faleceu, aos seus 12 anos de idadegazetadopovo.com.br. Além da luteria, Aorélio também aprendeu, em família e na comunidade, a dança e a música do fandango caiçara, participando de bailes e festejos locais desde cedo. Mais tarde, cursou Licenciatura em Desenho na Faculdade de Belas Artes do Paraná, conjugando a formação artística acadêmica com os saberes tradicionaiscorreiodolitoral.com. As influências dos mestres mais velhos – em especial de seu avô e de outros guardiões da cultura caiçara – marcaram profundamente sua trajetória, orientando-o na preservação dessas tradições.
Aorélio Domingues é reconhecido oficialmente como Mestre da Cultura Popular, sendo um dos principais expoentes da cultura caiçara no Brasil. Multi-instrumentista, dançarino e artesão luthier, ele atua em diversas manifestações tradicionais: é mestre de fandango caiçara (dança e música típica do litoral sul-sudeste), da Folia do Divino Espírito Santo (romaria e festa religiosa), do Boi-de-Mamão (auto folclórico semelhante ao bumba-meu-boi) e do terço cantado (reza cantada comunitária)correiodolitoral.com. Por sua dedicação a essas expressões, foi premiado pelo Ministério da Cultura, recebendo em 2013 o Prêmio Culturas Populares – Edição Mazzaropi, em reconhecimento aos seus trabalhos de salvaguarda e transmissão das manifestações caiçarasfolhadolitoral.com.br. Sua figura tornou-se sinônimo de resistência cultural: além de tocar rabeca, viola, adufo (pandeiro caiçara) e tamancos no fandango, Aorélio confecciona artesanalmente esses instrumentos tradicionais e os ensina às novas gerações. Sua trajetória e saberes foram registrados em diversos documentários culturais – como os da pesquisadora Lia Marchi – e ele próprio co-dirigiu filmes sobre tradições locais (por exemplo, “Bandeira do Divino: fé que move a tradição”)encontroteca.com.br, contribuindo para difundir nacionalmente a cultura de seu povo. Todos esses esforços renderam a Mestre Aorélio amplo respeito em sua comunidade e fora dela, consolidando-o como referência na cultura popular caiçara.
Em 2004, Aorélio Domingues foi cofundador da Associação de Cultura Popular Mandicuera, sediada na Ilha dos Valadares (bairro de Paranaguá)gazetadopovo.com.br. Desde então, atua como diretor artístico e principal líder do grupo, que há mais de 20 anos vem revitalizando o rico patrimônio imaterial caiçaramandicuera.org. Sob sua condução, a Mandicuera integra diversas práticas culturais tradicionais – os bailes de fandango, a Romaria/Festa do Divino, as apresentações de Boi-de-Mamão, o terço cantado, a culinária típica –, mantendo-as vivas no cotidiano da comunidademandicuera.orgmandicuera.org. A sede da Mandicuera na Ilha dos Valadares, também conhecida como Casa Mandicuera, conta com um amplo salão para bailes, biblioteca, estúdio de gravação e uma marcenaria onde os instrumentos são fabricados artesanalmentemandicuera.orggazetadopovo.com.br. Ali foi construído inclusive um pequeno Museu Capela do Divino Espírito Santo (viabilizado pelo Prêmio Dona Izabel em 2010) para guardar as bandeiras, imagens sacras e demais materiais da Folia do Divino, tradição que Mestre Aorélio e seus companheiros mantêm ao percorrer, todos os anos, dezenas de comunidades caiçaras durante 50 dias na época de Pentecostesmandicuera.orggazetadopovo.com.br. A Mandicuera, sob a orientação de Aorélio, tornou-se um polo cultural respeitado, promovendo apresentações, bailes e festivais que reúnem grupos de diversas localidades do Paraná e de estados vizinhos. Em 2002, antes mesmo da fundação formal da Associação, Mestre Aorélio idealizou a Festa do Fandango de Paranaguá, evento anual que posteriormente se conectou a um circuito de festivais caiçaras intermunicipais (projeto “Ô de Casa”, premiado pelo IPHAN em 2017)mandicuera.org. Hoje a Mandicuera faz parte do Coletivo de Salvaguarda do Fandango Caiçara, articulado pelo IPHAN, participando ativamente de ações de preservação conjunta do fandango no Paraná e em São Paulomandicuera.org. Graças a iniciativas como essas, a associação recebeu premiações importantes, a exemplo do Prêmio Selma do Coco (2018) na categoria Grupo de Fandango Caiçaramandicuera.org, e foi declarada de utilidade pública municipal em 2023. Mestre Aorélio, como líder da Mandicuera, é reconhecido por sua gestão comunitária exemplar e por fortalecer os laços entre os mestres tradicionais de diferentes regiões caiçaras.
Na foto , de 2017, o Grupo Mestre Eugênio, com Mestre Aorélio Domingues, Tamisia Santos e Mariana Zanette indo realizar apresentação do grupo.
Naquela época Mestre Aorelio preparava as crianças, Tamisia cuidava do grupo e Mariana Zanette fechava as apresentações. Na foto também Leonardo Cardoso que foi aluno de Mestre Aorelio na Orquestra Rabecônica do Brasil, que integrou o Grupo Mandicuera até o ano de 2023