A Salvaguarda da Cultura Caiçara
A Salvaguarda da Cultura Caiçara
Prefeitura Municipal de Paranaguá, Sesc, Sesi, UFPR, Unespar, IFPR, etc..
A Associação de Cultura Popular Mandicuera, fundada em 2004, é uma entidade formada por caiçaras, artistas populares, mestres, antropólogos, educadores e comunicadores interessados em revitalizar atividades culturais da região litorânea do estado do Paraná. Tem como lema a preservação, a difusão do patrimônio imaterial, artístico e cultural do território caiçara.
O grupo se reúne para realizar atividades culturais populares como Fandango, Folia do Divino Espírito Santo, Carnaval, Boi-de-Mamão, Terço Cantado, Festas Juninas, além de fomentar a culinária caiçara, servindo pratos e bebidas típicas em festas e eventos promovidos pela Associação.
Em 2002, Mestre Aorelio Domingues, fundador da Associação Mandicuera cria a Festa do Fandango em Paranaguá e desde então vêm realizando a produção da mesma . No ano de 2017, num edital do IPHAN, foi proponente e gestora do projeto “Ô de Casa”, criando um circuito de festas do fandango no território caiçara entre Paranaguá (que já existia) e outras cidades como Guaraqueçaba-PR, Ubatuba-SP, Iguape-SP e Cananéia- SP e Marujá- SP. Nos anos subsequentes não houve o mesmo aporte, no entanto as festas resistiram com apoios e parcerias de empresas. E a Associação Mandicuera foi responsável por criar meios de levar os grupos para as festas no território, fortalecendo assim as festas nas comunidades.
A Mandicuera possui uma sede na Ilha dos Valadares com um grande salão onde acontecem apresentações de teatro, bailes e oficinas. Servem refeições em festas e eventos para o fortalecimento da cultura caiçara. O espaço também possui uma biblioteca, estúdio e marcenaria e quartos que servem para vivências culturais.
A Associação Mandicuera construiu um Museu Capela do Divino Espírito Santo, através do Prêmio Dona Izabel em 2010, o espaço serve para guardar todo o material da Folia Do Divino que percorre durante 50 dias a baía de Paranaguá e Cananéia realizando a Romaria do Divino e finalizando com a Festa do Divino.
Desde sua formação o Mandicuera trabalha com projetos ligados à educação e cultura: Fandango na Escola (parceria com o Governo do Estado do Paraná, entre 2006 a 2008), Ponto de Cultura Casa Mandicuera em 2009 a 2011. Em 2016 a Mandicuera, resgata o Grupo Mestre Eugênio, para ensinar às crianças os toques e danças do fandango. Hoje o grupo se tornou autônomo, organizou-se em associação, e os jovens trabalham juntos a Mandicuera, realizando oficinas e apresentações. Desde 2020, a Associação vêm discutindo e formatando junto a professores da Universidade Federal do Paraná, e estudantes de mestrado e doutorado o projeto para “Escola Caiçara de Educação Popular Mandicuera”. Em 2022 a Mandicuera ministrou para crianças cursos de teatro, música, construção de boneco, em três escolas municipais de Paranaguá, dá através do projeto Viva o Boi de Mamão, como também fez capacitação de professores da rede municipal. A Mandicuera organiza e participa de palestras em universidades e escolas. A Associação Mandicuera vem trabalhando para a implementação da “Lei dos Mestres” que corrobora com a valorização dos detentores.
A Mandicuera atua também no mercado fonográfico, em 2017 a Mandicuera e Mestre Aorelio lançam seu primeiro CD "Amanhece - fandango pancada. Entre os anos de 2019 e 2020 a associação teve um programa semanal na Rádio na Litoral Sul FM chamado: “No Vanzeiro do Fandango”. Em 2022, inauguram o estúdio Papagaio Loro Records e gravaram o disco Viva o Boi de Mamão, e em 2024 irão lançar através do projeto Fandango Patrimônio Imaterial na Ilha dos Valadares, quatro discos dos grupos tradicionais de Paranaguá : Mandicuera, Pés de Ouro, Mestre Brasílio e Mestre Romão.
No audiovisual a Mandicuera além de participar de muitos documentários de terceiros, também produziu vários materiais disponíveis na internet como videoclipes, aulas para youtube e foi pioneira nas lives, atingindo um grande público com média de 8 mil pessoas, por evento durante a pandemia. (ver portfólio).
A Associação Mandicuera também é responsável pela Orquestra Rabecônica do Brasil, criada por Mestre Aorelio em 2011, e que hoje desenvolve oficinas de música e construção de instrumentos na comunidade na Ilha dos Valadares. Criou também o grupo Dona Mariquinha, que dá protagonismo às mulheres no fandango caiçara.
Decorrente de todas essas ações a Mandicuera, recebeu ainda prêmios em 2018 Prêmio Selma do Coco, Grupo de Fandango Caiçara pelo Iphan. Em 2023 a Associação Mandicuera tornou-se utilidade pública municipal no município de Paranaguá-Pr.